A continuação

Na continuação do meu post “Enquanto dura o Euro” convido os leitores a visitarem a página da ERSE, lerem a proposta, e no final, se sentirem a necessidade para tal, enviar-lhes um mail para: consultapublica@erse.pt .

Já estão a circular mails com mensagens tipo que podem utilizar nessa opinião, aqui está um modelito para quem estiver interessado.

Exmos. Senhores:

Pelo presente e na qualidade de cidadão e de cliente da EDP, num Estado que se pretende de Direito, venho manifestar e comunicar a Vªs Exªs a minha discordância, oposição e mesmo indignação relativamente à “proposta” – que considero absolutamente ilegal e inconstitucional – de colocar os cidadãos cumpridores e regulares pagadores a terem que suportar também o valor das dívidas para com a EDP por parte dos incumpridores.

Com os melhores cumprimentos,

se não os querem criar, não os façam

Nos últimos tempos tenho deparado com situações sociais que me fazem questionar o tipo de sociedade que estamos a criar.

Quando os pais me dizem “Eu posso estar desempregado mas eu tenho direito porque eu pago para que me criem o filho”, ou, até com um certo orgulho, “Eu tenho direito porque o meu filho está sobe a vigilância da protecção de menores”, eu questiono-me se não está a sociedade a fomentar a perda do papel dos pais na vida dos filhos? Quando o papel dos pais resume-se a “parí-los” pois criá-los fica à responsabilidade da sociedade, eu tenho vontade de perguntar a todos os pais e encarregados de educação se não querem preencher os papeis para que os Professores; Educadores, Animadores, Assistentes Sociais,… adoptem essas crianças.

Estudos recentes, indicam que, em média, os pais passam 20 minutos diários com os seus filhos. 20 MINUTOS… Será só a mim que me choca este valor? Numa matemática simples, façamos as contas:20 minutos por dia, 7 dias por semana… 20 X 7 = 140 = a 2 horas e 20 minutos semanais. Eu que sou só a professora deles, passo no mínimo 25 horas semanais, mais 22 horas e 40 minutos que a média dos pais.

Por isso eu continuo a defender a minha ideia, uma que causa desagrado a muito encarregado de educação, de que os Pais lutam pelas causas erradas.

Os Pais lutam para que as escolas permaneçam mais tempo abertas e que os professores os substituam em muitas das tarefas que anteriormente lhes cabiam (já pouco falta para tornarem os professores responsáveis por deitar as crianças). Lutam para que as escolas forneçam actividades que ocupem a parte do dia a dia da criança em que esta está desperta, como se ao envolverem-se no planeamento dessas actividades, ficassem automaticamente compensadas as horas em divida à convivência com os seus filhos. No meu entender, os Pais deviam lutar pela criação de leis sociais que lhes permitam usufruir de mais tempo com os seus filhos: a redução no horário semanal de trabalho enquanto a criança se encontrar na escolaridade obrigatória, a possibilidade de sair do local de trabalho quando chamados de urgência à escola, por motivo de um infeliz acidente ou até mesmo para dar um puxão de orelhas ao filho por ter partido o vidro da cantina, Leis que lhes dêem a possibilidade de cumprir o seu papel de pais.

E no meio disto tudo, salta-me na mente uma frase que é do senso comum: “Se não os querem criar, não os façam”. Não há nenhuma lei que obrigue uma pessoa a fazer filhos, por isso, se é Pai, assuma as suas responsabilidades e não descarte para a sociedade aquilo que lhe compete.

Enquanto dura o Euro

Enquanto dura o Euro 2008 as bombas vão caindo e maioria das pessoas nem se apercebe da força explosiva de cada uma.
Hoje, dia em que joga Portugal contra a Suíça, cai mais uma.
O noticiário do almoço informa que a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) apresentou uma proposta que permite à EDP cobrar aos clientes pagadores, as dívidas não cobradas.
Como??????
Não sei se esta proposta consegue irritar mais alguém para além de mim, mas acredito que se a nação pousar os cachecóis por um momento sentirá a mesma irritação que eu.

“No passado, a ERSE sempre considerou que o risco de cobrança teria que ser assumido pela empresa e que “os consumidores não deveriam suportar as dívidas dos maus pagadores. Por enquanto, apenas é permitido que os clientes financiem temporariamente as dívidas à EDP que são pagas. Mas a eléctrica alegava que os incobráveis são também um custo do sistema, que não é possível eliminar totalmente. O regulador, aceitando que esta realidade não depende apenas da actuação da empresa, mas também da conjuntura económica, aceitou passar a incluir nos proveitos permitidos para esta actividade, e que são constituídos pelas tarifas finais de electricidade, uma parcela associada ao risco de cobrança, que permite a partilha destes riscos com os consumidores. Haverá sempre contudo um limite aos encargos a passar para os clientes para que o operador seja estimulado a cobrar as dívidas.” (em DN online)

Pelo que vejo, eu devo ter compreendido mal o contrato que realizei com a EDP que fez de mim sua cliente, na realidade eu devo ser sócia, e da mesma forma que eles me querem tornar responsável pelas dívidas dos outros, eu deveria usufruir dos lucros da empresa. Eu não li nas entre linhas do contrato que eu me tornava fiadora dos maus pagadores.
O valor apresentado do acréscimo na factura anual dos clientes será de 1,13 euros. Não é um valor elevado, mas a meu ver até podia ser de 0,01 euros. Não vejo razão em penalizar os cumpridores. Não se sentencia um inocente quando não se consegue sentenciar o criminoso!

noção de recém-licenciado

Vamos lá começar pelo princípio.

 

Olá a todos! Bem vindos de volta. As férias foram boas apesar do clima de verão ter passado ao lado, mas muito ao lado.

 

Pois é, cá estamos nós no início de mais um ano escolar, e como já devem estar a calcular, o assunto quente do momento são as colocações de docentes. Eu como o sinto na pele, dou-me o direito de falar abertamente sobre esta questão, apesar de correr o risco de ser considerada pelo ministério, e por todos os Directores das Direcções Regionais de Educação, como uma traidora da nação que merece ser corrida à patada de Portugal depois de ter levado um banho de alcatrão e penas.

 

Por esta altura já devem ter adivinhado que ainda não fui colocada. Pois é verdade, e tal como eu, mais 48957 colegas ainda não tem um lugar atribuido. Mas a população pode estar tranquila, não se trata de um problema. Temos que ter em conta a informação passada pelo governo de que os colegas a quem não foi atribuido um lugar são recém-licenciados. (Não me tinha apercebido que saiam quase 50000 novos colegas todos os anos. :S)

 

Eu como até sou uma pessoa possitiva, vejo o lado bom desta informação. Estão a dizer que eu sou recém-licenciada, então quer dizer que eu fiz uma viagem no tempo e sou de novo uma rapariga de 21 anitos (muito melhor que o botox) e que os colegas que tinham mais tempo de serviço que eu deixaram de o ter, contando agora só a média e a idade. Isso é muito bom, assim passo à frente de muita boa gente. Claro que também tem o lado negativo da medalha, visto que agora os alunos saem dos cursos com as notas inflaccionadas, vou ser ultrapassada por esses pirralhos que nem o nome sabem escrever, mas que por alguma alma milagrosa (mais conhecida por propinas que mantem os estabelecimentos do ensino superior público) conseguem acabar os cursos com médias de 16, 17 e 18 valores.

 

Para que não haja confusões nessas cabecinhas relativamente ao que eu quero dizer, eu vou exemplificar com a minha situação. Eu tenho 2191 dias de tempo de serviço docente prestado, acabei o curso com a classificação de 15 valores, neste momento concorro com uma graduação profissional de 21,003 valores e PARA O NOSSO GOVERNO EU SOU UMA RECÉM-LICENCIADA.

 

E nada disto me aborreceria se as pessoas pensassem, mas a única coisa que o português ouviu foi: “Os Docentes que não foram colocados são recém-licenciados”, e com esta frase ficaram satisfeitos. “É MUITO BOM VIVER EM PORTUGAL”

Starz In Their Eyes

Starz – Stars – Estrelas, In – Nos, Their – Deles, Eyes – Olhos.

Estrelas são corpos formados de plasma, o quarto estado da matéria, que se mantém coeso devido sua força gravitacional. Esses corpos celestes, por causa da pressão interna, produzem energia por fusão nuclear, transformando moléculas de hidrogênio em hélio. Wikipédia

Nos é um artigo locativo no plural, em + os, preposição mais o artigo definido.

Deles (São deles, não são os meus. Se fossem os meus estava preocupada)

Olhos são os órgãos dos animais que permitem detectar a luz e transformar essa percepção em impulsos eléctricos.

Era para colocar aqui a música de Just Jack que me inspirou para esta febre, mas como não consegui, quem quizer pode ouvi-la em STARZ IN THEIR EYES e deixar o som invadir as células do corpo que fazem a cabeça abanar ao ritmo da música.

E agora… o vírus da semana. Retirado do mail aos socios do SPZN:

“Ministro das Finanças, depois de ter afirmado por várias vezes que não haveriam despedimentos na Administração Pública, vem dizer agora, perante a comunicação social e antes do conhecimento dos sindicatos, que será criado um mecanismo que abrirá as portas para que esses despedimentos aconteçam”

Com este governo é dia 1 de abril todos os dias. Ou em tom de brincadeira: Quando um homem quizer e a mulher deixar!

O melhor é mesmo ouvir a música, pois cada dia que passa a vontade de emigrar cresce, e dizer: “Portugal? O que é isso? Algum prato russo?”.

Selo no carro

Para quem já não se recorda, pois a medida foi decidida em Abril de 2006, um pequeno excerto do artigo do Diário de Noticias de 26/04/2006:

“O plano tributário do Governo para os “carros novos” está clarificado. O imposto automóvel, IA, será dividido em dois novos impostos: o imposto de matrícula, pago à cabeça no acto da compra do carro novo, e o imposto de circulação. Este último será liquidado pelo proprietário ao longo da vida do automóvel e substituirá também o imposto municipal sobre os veículos, IMV.

Com este figurino fiscal, a entrar em vigor em 2007, a compra inicial do carro será mais barata. Mas não haja ilusões: a carga fiscal é para manter. Um grupo de trabalho, recentemente nomeado pelo ministro das Finanças para reformular o IA, já tem as directrizes de actuação financeiras descritas. Diz o despacho de nomeação que a comissão “terá de assegurar o nível de receitas fiscais actualmente geradas a partir do IA, da incidência do IVA sobre o IA, bem como o IMV”. Isto significa que a carga fiscal ao longo da vida do automóvel aumentará.”

Até aqui, nada de novo, todos sabemos que este governo é sequioso por dinheiro, e fará de tudo para saciar a sua sede. continuando, agora com outro excerto do artigo de 19/02/2007:

“Mas a partir de 2008, passa a ser cobrado um imposto de propriedade, o que significa que a pessoa paga enquanto o registo de propriedade estiver em seu nome, mesmo que o veículo não circule”.

Ainda não terminei, mas parece-me que o que pago anualmente de selo do carro vai aumentar drasticamente.

Artigo de 24/01/2007 da Agência Lusa:

“Falando no debate mensal, na Assembleia da República, José Sócrates começou por frisar que em 2006 o seu executivo introduziu uma componente ambiental no IA de dez por cento.

‘Quero anunciar que, já a partir de 01 de Julho, será de 30 por cento e, a partir de 01 de Janeiro de 2008, esta percentagem subirá para 60 por cento. Portugal estará assim na linha da frente dos países que adoptaram a eficiência ambiental como critério decisivo na taxação do automóvel'”

Mais uma voltinha… mais uma moedinha!

Alberto João Jardim em entrevista ao Expresso em 24/02/2007:

“Diz que compete aos portugueses, ‘no seu próprio interesse’, derrubar o governo socialista de Lisboa nas eleições de 2009, sustentando que ‘não podem continuar a cantar o fado, a gostar da fatalidade’.

Em qualquer país normal em que o primeiro-ministro tivesse mentido aos portugueses como mentiu aqui, estava no olho da rua. Veja como em situação semelhante, ocorrida na Hungria, o sarilho que tem sido só pelo primeiro-ministro ter admitido que também mentiu aos húngaros'”.

Posso considerar esta personagem o bobo da corte portuguesa mas nisto tenho de concordar com ele. Inacreditável, como perante tudo o que este governo tem feito, o povo não se manifesta. Acomoda-se e até da entender que gosta de ser maltratado para poder “continuar a cantar o fado”.

O Pirilampo dá mais luz

Este governo que nos ilumina o caminho, que nos abre as portas para um futuro risonho, para uma vida de qualidade, para o bem estar social… Lamento ter de dizer, mas o Pirilampo Mágico dá mais luz apesar de só ter a ponta do corno fluroscente e não ter dedos para caregar no interuptor da luz.

Mas não é isto que me traz cá hoje. Há outros assuntos que me causam azia no estomago.

Ultimamente tenho recebido no minha caixa de correio electronico, mensagens de aviso em relação às fiscalizações nas operações STOP, com especial atenção, as cópias de cds. “Se os CDs não forem originais ou então se não possuímos o original que deu origem á cópia, (é permitido por lei efectuar UMA cópia de segurança), a viatura pode ser apreendida e sujeitamo-nos ás respectivas sanções“. Mas um último mail que recebi vai mais longe e fala-me de fiscalizarem a roupa que temos vestida “Nisto, chama uma mulher polícia para junto das minhas colegas e um outro polícia para junto de nós e .. PEDEM-NOS PARA VER A ETIQUETA DAS NOSSAS ROUPAS !!!!!“. Sendo isto verdade ou não, fiquei a pensar e não gostei do que me passou pela cabeça.

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Regresso à Infância

Quando me sentei no computador para escrever a minha divagação desta semana, estava decidida a deixar de lado o assunto que mais horas de sono me tira (com quem é que eu vou ter de dormir para conseguir um lugar numa escola?), principalmente, porque pelo andar da carruagem, os meus amigos começaram a recear que eu me tornasse autora de um atentado bomba ao meu querido Ministério.

Tinha escrito uma divagação engraçada sobre um assunto leve, mas as forças do Universo mudaram-me os planos ao provocarem novos acontecimento no meu mundo do trabalho. Acontecimentos que me causaram a necessidade de regressar à infância.

Não é um simples clichê, mas é verdade, eu tive uma infância feliz. Lembro-me que passei horas na rua, em brincadeiras com os meus irmãos, amigos e vizinhos. Quando fiz a Primária (sim, eu ainda sou do tempo em que se chamava ao 1º Ciclo, Primária), tive uma professora que usava as reguadas como método de ensino, fiquei tão traumatizada, que hoje estou no ramo.
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O limite

Quando é que se sabe que se atingiu o limite da paciência? Em que momento cai a gota com a qual esborda o copo? Que mau vento é esse que transforma um céu limpo em nuvens negras, preparadas para trovejar?…

Quais são os indícios que nos fazem acreditar que este Estado não merece ter as massas cinzentas a trabalhar para ele? Que a nossa carreira desenvolveria muito mais se estivéssemos no estrangeiro? Que esta quinta rural plantada na esquina da Europa, não passa da zona balnear dos ingleses?

Qual será o momento em que escolhemos finalmente dar uma utilidade ao diploma e usá-lo para acender a lareira numa noite de Inverno? (para limpar o cu não dá, o papel é duro, para essa função existe a secção da política nacional dos jornais, pelo menos estamos a ca*** para eles).

Negativa??? Eu??? Não! Só gasto toda a minha energia positiva com as ofertas de escola para as quais não envio presunto.

A apanha da bolota

Ano novo, vida nova. E a minha nova vida tem como futuro a apanha da bolota. Já que a minha carreira como Educadora estagnou depois de 6 anos de trabalho, vejo-me obrigada a dedicar-me a apanha… a apanha de um lugarzinho, nem que seja por meia dúzia de dias.

Finalmente entro na rotina. Diariamente ligo-me as páginas das Direcções Regionais de Educação e percorro as listas de oferta de escola de todo o país. A primeira oferta que encontro, Penacova, 1 mês, a 229 km de casa. A segunda e terceira, Serpa e Castro Verde, ambos por 1 mês. Se Penacova era longe… então estas nem direito têm a uma pesquisa no ViaMichelin. Ermesinde, a quarta oferta de hoje. Não está mal, são só 81 km para um lado e outros tantos no regresso (ainda bem que (não) temos direito a ajudas de deslocação e alojamento) e dura até 31 de Agosto.

Vou lançar a rede e tentar apanhar esta bolota voadora. Se não conseguir posso dedicar-me a criação de porcos e oferecer alguns presuntos a pessoas pelas quais tenho verdadeira estima.

Como não convém limitar as minhas opções vou temperar, nesta noite de sexta, as carnes com um vinhinho alentejano e com algo mais que dé um bom sabor ao presunto.